KARATE - K1 - KICKBOXING - SUBMISSION - MMA

sexta-feira, 20 de junho de 2014

KARATÊ E SEUS ENSCINAMENTO

O CAMINHO DAS MÃOS VAZIAS 

Havia em certa cidade havia um professor de Karatê muito famoso por 
suas exigências. Os alunos que com ele treinavam, sempre ganhavam 
alguma colocação nos diversos torneios que a Federação organizava. 
Apesar disso, o que mais havia nesse Dojô eram faixas brancas e alguns poucos 
Faixas Pretas.
Certa vez um aluno já desanimado pela rigidez dos treinamentos e pelas exigências 
do seu professor que, segundo seus pensamentos não recompensava seus 
esforços satisfatoriamente, resolveu parar com seu treinamento e abandonar o 
Karatê.
Entretanto, antes de abandonar os treinamentos, ele foi dar uma satisfação ao 
seu professor, haja vista que, pelo menos respeito, honestidade e fidelidade ele 
achava que tinha aprendido, durante os longos anos que ali praticara.
Então, como de costume, colocou seu Karatê-Gi e diante do seu professor começou a manifestar seus motivos de abandonar os treinamentos:
- Oss, Sensei! Resolvi que vou parar de praticar Karatê...
- Sim?
- Eu acho que não levo jeito para isso...
- Sim?
- Já faz vários anos que aqui estou e ainda não consegui galgar nenhuma graduação...
- Sim?
- Veja Sensei, já estou aqui a mais de quatro anos e ainda não sai da faixa branca!
- Sim!
- Sei que tenho muito o que aprender ainda, mas tenho ido aos torneios e tenho 
vencido muitos Karatekas bem mais graduados que eu, não falto as aulas, 
tenho estudado o Karatê e mesmo assim, continuo na faixa branca...!
- Sim?
- Então resolvi ir embora, vou procurar outra coisa na qual eu consiga evoluir.
- Sim... Se você vai mesmo embora, não esqueça de apanhar seus documentos e as 
fotos que tiramos todos juntos que estão na sua pasta arquivada no nosso escritório.
- Obrigado por tudo Sensei e até mais! Oss!!
Então o aluno fez uma profunda reverência ao seu professor e com o coração 
apertado dirigiu-se ao escritório e falou com a secretária:
- O Sensei mandou você entregar-me os documentos e fotos que estiverem na 
minha pasta.
Então a secretária entregou-lhe um envelope pardo e o aluno dirigiu-se ao 
vestiário para trocar de roupa quando, por curiosidade, resolveu olhar o que havia 
no envelope.
Quando ele abriu o envelope, seu coração quase parou. Juntamente com as fotos 
de seus colegas, momentos de alegria etc., lá encontravam-se seis certificados 
de graduação até a faixa marrom. Todos preenchidos com o seu nome, datados 
nas respectivas carências e devidamente assinados e registrados na Federação.
Nesse momento foi como se o chão e o céu se abrissem e ele compreendeu que a cor 
da faixa não significa nada e com os olhos cheios de lágrimas retornou ao Dojô, 
onde seu professor o recebeu como se nada houvesse acontecido, alinhando-se no 
lugar de sempre, mas agora de sua face resplandecia uma grande serenidade.
Durante algum tempo esse aluno ainda usou sua velha e já encardida Faixa 
Branca, tendo-a trocado pela Faixa Marrom apenas no momento de prestar 
exame para Faixa Preta junto a uma banca da Federação, onde foi aprovado 
com louvor.

O APRENDIZADO

Nunca fui um sábio nem um mestre, continuo sendo um aprendiz e aprendendo com os outros, mas chega-se a um ponto em que se aprende mais consigo mesmo. 


A HIERARQUIA

A hierarquia é chegar primeiro, ir-se por último e manter-se até o final. Ter hierarquia no Karatê não é saber mais técnicas ou Katas que os demais, mas esforçar-se ao máximo por sabê-las bem e por treiná-las com todo nosso esforço.

Quanto mais hierarquia se tem, mais se deve estar disposto às perguntas dos 
demais, porque maior é a responsabilidade que se adquire, não somente em fazer 
bem a técnica e também ser parte ativa do Dojô e de entregar-se aos 
demais companheiros. À medida que se vai subindo na hierarquia do Dojô, maior 
é a preocupação por fazer um Karatê melhor, não somente durante a prática ou 
no treino, mas durante todo o dia, durante toda a vida.
Hierarquia não é igual a liderança, porque eu poderia ter qualidades de líder porém 
não estar posicionado acima na hierarquia. 
No caso do Karatê, ser um senpai não significa mandar nos kohai ou tê-los 
como inferiores, mas pelo contrário, é estar disponível sempre para ajudá-los com 
suas dúvidas ou perguntas, ou simplesmente ensinar-lhes alguma técnica ou Kata 
quando estes lhe pedirem.
O verdadeiro Senpai presta atenção às necessidades dos demais e às do dojô, não 
,deixa passar nenhuma oportunidade para ajudar no que possa fazer. Tudo isso se 
deve fazer com o melhor de cada um, é fazer as coisas o melhor possível, com o que 
se tem. Se alguém acredita que não é suficiente bom para fazer algo e por essa razão 
não o faz, essa pessoa não vale nada. Em troca se realizam as coisas fazendo o 
maior esforço, ainda que o feito seja pouco, vale muito, porque se faz sinceramente e 
com dedicação.
As tarefas pequenas geralmente mostram um grande coração, como por e
xemplo, começar a aula quando o Sensei não está, oferecer água ao que não tem 
durante os descansos, servir aos demais em alguma reunião gastronômica do Dojô, etc.
O verdadeiro Senpai é fiel ao que crê: termina suas tarefas, mantém suas promessas e completa seus compromissos dentro e fora do Dojô. Ter hierarquia é comprometer-
se, manter-se firme e estável dentro do Dojô.
O verdadeiro Senpai é discreto, não se auto-promove, nem chama para si a atenção 
dos demais, nem tenta impressionar aos demais companheiros de treino. Ser senpai 
ou sensei não é igual a ser uma celebridade.
O verdadeiro Senpai deve pensar mais nos outros do que em si mesmo, em 
outras palavras precisa ter HUMILDADE. Não é pensar menos “de”, mas menos em 
“si mesmo”. Esta luta deve ser diária para conseguir fazer um melhor Karatê sempre 
e a cada dia.
Pessoalmente, como professor de Karatê, compreendi que ao colocar em prática a hierarquia, dei-me conta que ser aluno-senpai de um Dojô é completamente diferente 
de ser um sensei, muito diferente. É dirigir o aquecimento de vez em quando no lugar 
de dar as aulas TODOS OS DIAS. Não é dar aulas, é estar junto aos alunos, conhece-
los conviver com eles, etc.
Estar no alto da hierarquia significa:
• Chegar primeiro, ir-se por último e manter-se até o final.
• Maior responsabilidade dentro e fora do Dojô.
• Participar nas exibições e torneios.
• Lanchar, almoçar, jantar, pensar, estudar, sonhar estudando Karatê.
• Buscar Karatê na Internet.
• Lembrar do aniversário do Sensei.
• Aprender o nome de todos os que compõem o Dojô.
• Dançar nas festas do Dojô.
• Buscar a coesão do grupo
• Manter-se fiel ao Dojô.
• Dar o exemplo aos que começam no caminho do Karatê.
• Ser parte ativa do Dojô.
• Apoiar o Sensei e aos demais companheiros do Dojô.
• Trabalhar duro seja no que for.
• Ter iniciativa para fazer as coisas.
• Fazer as coisas com a melhor atitude possível.

"HIERARQUIA NÃO SE RECEBE, SE GANHA".

Eu faço o meu caminho e o chamo de Karatê

Hoje tenho noção de que quando comecei a praticar Karatê, começou uma nova era na minha vida. Conhecer o Karatê, para mim, além de significar jamais me sentir totalmente desarmado, significa também assumir um compromisso com a tradição e paradoxalmente com a constante renovação desta Arte.

Vejo o Karatê como uma espécie de topografia, onde precisamos constantemente 
ter o trabalho de aplainar o terreno para uma luta interna, onde há picos 
de entusiasmo e sucessos, planícies de uma rotina maçante, vales de decepções e fracassos e quando não desistirmos deste trabalho, chegamos ao oceano, 
onde conforme nossos conhecimentos, navegamos ou naufragamos para sempre. 
Desta forma é que estou sempre aplainando o caminho e esse caminho para mim, não é apenas um meio para atingir meu objetivo, esse caminho é o próprio objetivo em 
si , para mostrar para mim mesmo quem sou eu.
Enquanto alguns só se interessam em descobrir qual é a origem do Karatê, eu 
me interesso mais em descobrir qual é o seu destino em mim. Sei que o Karatê só 
pode ser compreendido olhando-se para seu passado histórico, mas só pode 
ser praticado olhando-se para o futuro, portanto eu faço o meu caminho e o chamo 
de Karatê, mesmo sem saber até onde ele me levará.
O que sou no Karatê é fruto da minha experiência passada, mas também é muito mais a minha vontade impulsionada ao futuro, na tentativa de chegar ao extremo de 
mim mesmo, que é o aperfeiçoamento do meu controle, caráter, saúde, 
serenidade, respeito, etc., mas isso tudo ainda é pouco. O que quero do Karatê, 
de fato, ainda não sei o nome...

O KIAI

Kiai” em japonês significa “reunir a energia”. “KI” = Energia. “AI” = Unir. É uma característica indispensável do karatê".


Esse grito obtém-se pela contração rápida do diafragma, à qual sucede a emissão
 de um som seco. Não se trata, portanto, de um simples grito – o som vem do 
abdome e não da garganta.
O Kiai serve a três propósitos principais:
1º - Demonstrar disposição de combate. Ajuda a pôr o Karateka no estado 
psicológico ideal para o combate. Além disso, é valorizado ao nível da competição. 
Ou seja, mostra a todos, incluindo ao próprio emitente do kiai, a convicção nas 
ações que desempenha.
2º - Intimidar o oponente. Provoca hesitações no adversário que 
propiciam “aberturas” para atacar. Por curiosidade, verifica-se que existia uma 
arte marcial o “Kiai-Jutsu” que se baseava essencialmente na utilização do Kiai 
como forma de atordoar os oponentes.
3º - Contrair os músculos do tronco. Aumenta a potência dos golpes e também a resistência aos danos infringidos pelo oponente.
Como em tudo na vida, existem bons e maus “kiais”.
O Kiai é geralmente definido como um estranho poder adquirido por algumas 
pessoas envolvidas por forças místicas inexplicáveis. Contam-se histórias de 
homens que podiam paralisar ou mesmo matar pequenos animais com um grito
de Kiai ou parar o adversário com um Kiai apenas.
O Kiai é uma técnica como um soco ou chute, mas não é tão físico.
Na verdade o Kiai é o uso consciente de uma técnica que todos nós já 
usamos inconscientemente. Por exemplo, você contrai o abdome quando 
está levantando algum peso e emite um grunhido, é uma forma rudimentar de Kiai.
Treinando o Kiai você vai aprendendo a usar de modo mais eficiente seu potencial 
de energia vital, que é o “Ki”.
Principalmente há uma preparação para a ação que é física e mental e então 
uma concentração de poder que é física e mental. As duas fases do Kiai são o retesamente e o impulso. A fase de retesamento consiste na contração dos 
músculos abdominais e inspiração profunda, assim como o cérebro é o quartel-
general das atividades mentais o abdome é o quartel-general das atividades físicas. A contração dos músculos abdominais prepara o corpo para um surto de energia. A inspiração profunda enriquece a corrente sanguínea do oxigênio, indispensável para o organismo que vai depender dessa energia adicional A segunda fase é o impulso, nesta fase a ação essencial é levada a termo (a ação de levantar, atirar, empurrar ou desferir o golpe), enquanto o ar é expirado bruscamente. A expiração pode ser acompanhada por um grito, o Kiai, que tem um som monossilábico mais ou menos assim: “hai”, “eei”, “hum”, “iahh” “aai”, etc.
O Kiai deve ser curto e tão alto quanto possível, porém não deve ser confundido 
com um simples grito. Um Kiai bem executado não fará sua garganta sentir-se 
áspera como um grito faz.
O som produz dois efeitos psicológicos, assusta e desconcerta o adversário e 
aumenta nossa coragem. Qualquer som pode ser usado como Kiai, muitas vezes o 
som “Ki” é usado durante a preparação para o golpe e o som “ai” durante a execução.
Quando feito corretamente, o Kiai limpa o ar dos pulmões. Isto é bom, porque se 
você for barrado após executar o Kiai, as chances de ter o ar comprimido para 
fora são bastante reduzidas. Também por tirar o ar dos pulmões faz de você 
um obstáculo mais firme e denso e se você for acertado depois do Kiai não será 
tão machucado. 
O Kiai deve assustar seu oponente. Mesmo uma simples pausa ou 
um piscar de olhos 
do seu oponente podem abrir uma brecha para você. Use o Kiai 
para ajudar a 
abrir esta entrada. O Kiai deve “mexer” com sua energia, liberar a sua 
adrenalina antes da luta e dar-lhe coragem e força. 
Com o treinamento é 
possível concentrar a energia onde ela é mais necessária, 
ao invés de espalhá-la 
pelo corpo. Isto envolve concentração física e mental 
que canaliza a energia para 
regiões definidas do corpo. Você, a princípio, não é 
capaz de conseguir isso, mas com o passar do tempo, sua capacidade de 
concentração aumentará cada vez mais.

A continuidade no Karatê

Muitas são as razões porque os alunos abandonam as aulas de Karatê, mas eu arriscaria dizer que a razão maior e mãe de todas as outras, chama-se descaso ou falta de compromisso.
Geralmente as pessoas tomam uma atitude inicial em praticar Karatê, combatendo sua própria inércia e resistência, mas raramente o consideram importante ao ponto de anexá-lo ao seu tempo ou dedicar um espaço na sua vida só para ele.
O Karatê só funciona quando passa a fazer parte inexorável da rotina diária da pessoa, assim como se escova os dentes, se toma banho ou dorme, todos os dias. Com o tempo ele se torna um compromisso inseparável e inadiável na vida, assim como um alimento diário que se ingere sem esforço.
O mais difícil é se conseguir desenvolver o hábito de continuar cuidando de si a longo prazo, anos a fio, com perseverança e sem desistir, mas isso é a chave do sucesso. Não só para obter saúde e aptidão física e marcial, mas para se conseguir tudo o que se quer na vida e isso não é conseguido relegando-o a um segundo plano.
Mesmo assim, no período de férias, alguns alunos somem do Dojô e não se dignam nem em avisar ao seu Sensei. Ficam até três meses sem aparecer, e quando aparecem, nem mencionam ou concordam em acertar as mensalidades atrasadas.
Todos sabem que são os alunos que sustentam o Dojô, então quando alguém não concorda em acertar as mensalidades atrasadas, está diretamente sendo indiferente às necessidades do seu Dojô e do seu Sensei, que continua a ter seus compromissos vencidos normalmente (aluguel, água luz, anuidades da federação, taxas de cursos, deslocamentos para competições, etc. e, muitas vezes, com o próprio sustento da sua família). Essas obrigações são responsáveis pela própria continuidade do Dojô.
Os alunos devem compreender que o Dojô não é apenas uma academia de ginástica. O Dojô é um lugar onde pessoas além de aprenderem uma Arte Marcial, moldam o caráter e a personalidade. Um lugar em que se desenvolve uma defesa pessoal e se aumenta a segurança diante da vida. Onde se aprende disciplina, valor da moral, da palavra e ainda como bônus, uma Arte Marcial e isso os torna muito mais íntimos do Sensei do que de um professor comum de algum esporte.
Observe que quando as pessoas frequentam uma escola ou uma universidade particular, ou mesmo um clube social,  não deixam de pagar os meses que estão ausentes, então porque param de pagar o Dojô? Ninguém é obrigado a freqüentar um certo Dojô, mas aqueles que o procuram deveriam assumir um compromisso inexorável com ele. Aqueles que se recusam, deveriam procurar uma academia comercial, onde serão apenas clientes comuns.
Todo Sensei ensina que devemos prezar sempre pela lealdade e consideração, então o aluno que prevê que irá parar o seu treinamento durante um certo período de tempo, deveria avisar por escrito, pelo menos com três meses de antecedência e pagar a rematrícula quando retornasse.
Imaginem se todos os alunos entrassem em férias ao mesmo tempo e não pagassem as mensalidades, como o Sensei pagaria as despesas do Dojô neste período? Com certeza teria que fechar as portas e o prejudicado seria também o próprio aluno.
Pense bem nisso...