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terça-feira, 8 de outubro de 2013

" O KARATÊ E SEUS GRANDES MESTRES".

História do Karate


De registros precisos sobre a criação das artes marciais não se tem conhecimento, porém, algumas vertentes apontam que suas raizes são provenientes da antiga India , há mais de 2000 anos atrás, pois existem indícios de que nessa época
surgiu a primeira forma de luta sistematizada, denominada Vajramushti.
No ano de 520 AD, Bodhidharma, um monge budista indiano, fundador do budismo zen e patriarca do budismo, iniciou uma peregrinação em busca de conhecimento interior, viajando da India para a China, passando sua doutrina aos lugares onde andava e aos monges e pessoas que encontrava pelo caminho e desde então as artes marciais
começaram a se formar propriamente dito. Após uma longa jornada, chegou ao Templo Shaolin, na província de Honan, e lá encontrou um precário estado de saúde dos monges budistas. Passou para os monges uma série de atividades físicas,juntamente com a doutrina  Zen, afim de reabilitar a forma espiritual e física dos monges. Esses métodos eram baseados em Yoga e técnicas de respiração, sendo que seus movimentos eram semelhantes a técnicas de combate, técnicas essas que surtiram poderoso efeito, virando uma tradição e um eficaz sistema de autodefesa, denominado de Shaolin Kung Fu, conhecido no Japão por Shorinji Kempo.  A fama dos monges lutadores espalhou-se
pela China, difundindo amplamente as artes marciais durante a Dinastia Ming,alastrando-se ainda por outros países da Ásia e dando origem a outros estilos de artes marciais, como exemplo o KARATE de Okinawa.
O KARATE é a arte marcial de Okinawa e foi criado no final séc.XIX. Denominado de “Te” por volta do séc XV,  com o aumento de intercâmbio cultural entre os povos, orientais, o Te se desenvolveu a partir desse intercâmbio. Como resultado da invasão de Satsuma, em 1609, o Karate teve um periodo de evolução, pois foi proibido o manuseio de armas, sendo retiradas todas elas e todas e toda e qualquer forma de uso das mesmas. Com essa medida, os treinos de Karate eram realizados secretamente pela aristocracia de Okinawa, passando de pai par filho. Apenas no século XIX, com uma maior evolução Karate, a modalidade passa a ter  a forma atual e logo após a libertação de Okinawa do poder de Satsuma, passa então fazer parte do governo japonês, o Karate teve liberada sua pratica e até mesmo, em 1904, passou a fazer parte das escolas públicas de Okinawa no ano de 1904. A partir dai criaram-se vários estilos que eram  praticados  em sua maioria por militares. Esses estilos passaram por uma grande evolução e os alunos mais antigos de cada um evoluíram separadamente e formaram os principais estilos de Karate existentes atualmente. Os objetivos do Karate são definidos pela filosofia Budo-japonesa, que se baseia na busca incessante do aperfeiçoamento pessoal e a harmonização do meio onde se vive. O Karate como arte marcial provém das técnicas de defesa sem armas, não podendo assim ser confundido  com um mero esporte. No Karate, cada praticante deve buscar as suas metas pessoais com objetivos diferenciados que devem ser respeitados, em que cada praticante terá a oportunidade de atingir as metas propostas, metas  essas no campo do autocontrole, equilibrio interior , saúde etc., que resultarão em um controle e correto direcionamento  dos impulsos de  agressividade naturais aos seres humanos.
Além dos benesses no campo psicológico do ser humano, os beneficios físicos são  incontáveis, visto tratar-se de um caminho para a saúde perfeita, correção de postura, respiração etc., coordenando o bem-estar físico, emocional e mental do praticante.
Como arte marcial e defesa pessoal, o Karate é altamente eficiente nas técnicas ultilizadas, levando o praticante  a estar apto a defender-se de qualquer ataque, levando ainda ao aprimoramento do sentido intuitivo de situções de perigo, fazendo com que  haja uma analise das intenções do adversário e uma correta atitude de bloqueio.
O objetivo principal do Karate não é sobrepujar o adversário fisicamente, pois prima pela força
e nobreza do espírito, da correta canalização ou anulação da agressividade. Mestre Ginchin Funakoshi já dizia:”Karate Ni Sente Nashi” (No Karate não existe atitude ofensiva.). Tal expressão mostra em sua clareza o objetivo principal do Karate, que é a não violência.
“Se o adversário é inferior a ti, então por que brigar? Se o adversário é superior a ti , então por que brigar?
Se o abversário é igual a ti, compreenderá, o que tu compreendes…então não hávera luta.
Honra não é orgulho, é consciência real do que se possui.”

História dos grandes Mestres                                   
Ao longo dos seis séculos de desenvolvimento da arte marcial que viríamos a chamar Karate-Do, eminentes figuras fizeram parte de uma história que marcou um pequeno reino de forma especial. A vida destes grandes homens marcou para sempre a história de Okinawa e eles serão sempre lembrados, pois vivem através das lendas e dos relatos que perpassam o Caminho das Mãos Vazias.Kanga Sakugawa (1733 – 1815)Nascido em 1733, em Shuri, ainda jovem iniciou em 1750 seus estudos da arte marcial de Okinawa (Te) sobre a tutela de Peichin Takahara (1683-1760) de Akata. Um Sapposhi fez com que ele conhecesse o expert em arte marcial chinesa conhecido por Kushanku, em 1756. Pelos méritos de seus serviços prestados ao rei de Okinawa, exercendo a função de Juiz de Paz, foi honrado com o título de Satunuku. Quando Sakugawa tinha 78 anos, o jovem Sokon Matsumura veio de Shuri e pediu para que o instruísse na arte do combate. Com isso a era dos grandes mestres de Tode da escola Shorin-ryu começou. Sakugawa morreu em 7 de julho de 1815.
Sokon Matsumura (1809 – 1899) -- Sokon Matsumura nasceu na vila Yamagawa (Yamagawa-cho), em Shuri, descendente de uma nobre família.Durante sua vida Matsumura trabalhou como conselheiro e guarda costa dos últimos três Reis de Ryukyu (Sho-Ko, Sho Iku e Sho Tai). Esta posição permitiu que ele viajasse pra China e Japão para diversos locais (Fuchou, Satsuma e Fu-chien), onde estudou artes marciais: Kempo (boxe chinês) e Kenjutsu Jigen-ryu (esgrima). Devido a sua grande reputação começa a ficar conhecido como “Bushi” (o guerreiro) e torna-se em sua época o maior artista marcial de Okinawa. Notado pelo seu estudo do físico e também do metafísico, enfatizava a importância de balancear o desenvolvimento físico com a educação moral. Estudou a fundo o Confucionismo e era mestre da fina arte da caligrafia.
Anko Azato (1828 – 1914)
Azato sensei Foi um dos maiores especialistas de Tode e membro de uma família das mais respeitadas, além disso primava na Arte da Equitação, Esgrima e do manejo do Arco. Funakoshi conta sobre um conselho de seu mestre, Azato: “se o adversário não o assustar, se permanecer calmo e se procurar a brecha inevitável na defesa (…), a vitória não é tão difícil”. Mestre Azato era um tonochi (senhor de pequeno feudo).
Kosaku Matsumora (1829 – 1898)
Kosaku Matsumora foi um grande mestre do Tomari-Te, tendo estudado com Karyu Uku e Kishin Teruya. Algumas fontes apontam que é possível que tenha estudado com Sokon Matsumura, além de aprendido o estilo de esgrima japonesa Jigen-ryu. É apontado como instrutor de Choki Motobu em Tomari-Te e que sua grande vocação pelas ações promotoras da justiça ter-lhe-iam conferido o apelido ‘Primeiro Santo’.
Anko Itosu (1831 – 1915)
Itosu é considerado um dos grandes precursores dos estilos modernos. Ele foi uma espécie de figura paterna para os seus alunos, enquanto que, fisicamente, possuía um peito largo como um barril, barba e uma grande força interior.
Itosu era imensamente cauteloso, reservado e mantinha em seu dojo muita disciplina. Dentre seus amigos, Anko Azato (um mestre de Te e brilhante espadachim) achava que as mãos e os pés deviam ser como lâminas e que o contato com o oponente devia ser evitado a qualquer custo. Itosu, no entanto, achava que o corpo não precisava ser tão móvel, mas capaz de absorver os mais duros golpes.
Anko Itosu faleceu aos 84 anos, mas deixou para trás uma impressionante lista de discípulos que, a seu tempo, realizaram o seu sonho. Dentre os nomes mais famosos estão: Kentsu Yabu (1866 – 1937); Gichin Funakoshi (1868 – 1957); Chomo Hanashiro (1869 – 1945); Choshin Chibana (1885 – 1969); Kenwa Mabuni (1889 – 1952).
Seisho Aragaki (1840 – 1918)
Aragaki sensei era conhecido como o ‘velho homem’ em Okinawa. Grande conhecedor de Tode e Kobudo recebeu do governo de Okinawa o título de Chikudun Peichin, equivalente ao samurai no Japão.
É considerado o introdutor dos kata Sochin, Niseishi e Unshu. Por ser um mestre muito reconhecido, conta-se que deu lições a Kanryo HIgaonna, Gichin Funakoshi, Kenwa Mabuni e Tsuyoshi Chitose.
Kanryo Higaonna (1853 – 1915)
Kanryo Higaonna, criador do Naha-te, enriqueceu bastante o Te com o que aprendeu diretamente na China. Foi mestre de Chojun Miyagi e Kenwa Mabuni. Primeiro em Okinawa, com chineses residentes na cidade de Kume, e depois, a partir de 1874, no próprio território chinês, onde permaneceu cerca de 15 anos estudando sob a orientação de Liu Liu Ko, Higaonna aprendeu os movimentos de combate curtos e fortes típicos do Sul da China. Regressado à Okinawa após uma demonstração privada perante o Rei Sho Tei, começa a ensinar a sua arte que designa por Naha-Te. Higaonna foi um homem extremamente humilde, que recusava qualquer pagamento por suas lições de Karate, no máximo que seus alunos o presenteassem com algo simples em datas especiais. Em 1915 morreu deixando como sucessor direto Chojun Miyagi.
Kanbun Uechi (1877 – 1948)
Uechi sensei foi o fundador do Uechi-ryu, estilo originado de uma arte chinesa e que chamara Pangainun-ryu. Cresceu no vilarejo de Izumu, em Motobu, Okinawa. Com a invasão japonesa de no final do século XIX, Kanbun fugiu para a China em 1897. Na província de Fu-chien entrou em contato com as artes locais que contribuíram para o desenvolvimento de seu estilo. Ao voltar para Okinawa, já em 1910, acabou se mudando para Wakayama, onde anos depois seu filho Kanei mudaria o nome de seu estilo para Uechi-ryu. Kanei foi o responsável pela grande difusão do Uechi-ryu.
Kenchu Nakaima (1856 – 1953)
Filho de Kenri Nakaima foi o difusor de estilo Ryuei-ryu, hoje grande destaque mundial em competições de kata pelos esforços de Tsuguo Sakumoto sensei. À família Nakaima são creditados a introdução dos kata Annan, Paiku, Pachu, Heiku entre outros.
Gichin Funakoshi (1868 – 1954)
Funakoshi sensei nasceu em 1868, em Shuri. Depois de uma infância débil e doentia, o jovem Gichin passou a gozar de boa saúde devido ao treinamento em Tode que recebia todas as noites de sensei Anko Azato.
Após recusar a aprovação em Medicina numa das principais Universidades japonesas por ser obrigado a abandonar o uso do birote (nó de cabelo em estilo samurai) e outros costumes tradicionais, Funakoshi que aprendera os clássicos chineses de seus avós (instrutores da família real) tornou-se professor em Okinawa. Foi o responsável pela primeira demonstração da arte de Okinawa no Japão continental, sendo seu principal difusor, fatos que lhe conferem o ‘título’ de Pai da Karate Moderno. Funakoshi sensei passou a maior parte de sua vida no Japão, abrindo clubes de Karate em Universidades e promovendo a arte sobre a qual escreveria vários livros (entre eles: Ryukyu Karate Kenpo, Rentan Goshin Karate Jutsu, Karate-Do Kyohan, Karate-Do Nyumon e Karate-Do: Meu Modo de Vida). Graças a sua interminável disposição e bom humor era chamado Tatsujin. Foi amigo pessoal de Jigoro Kano (fundador do Judo) e Morihei Ueshiba (fundador do Aikido), que incentivavam seus alunos a visitar os dojo um do outro para ter lições. Foi mestre de Shigeru Egami, Gigo Funakoshi, Hironori Ohtsuka, Masatoshi Nakayama entre outros. Criou os kata Taikyoku, Ten no Kata, Chi no Kata e Hito no Kata.
Chotoku Kyan (1870 – 1945)
Chotoku Kyan foi aluno de Sokon Matsumura e Anko Itosu. Kyan tornou-se famoso como introdutor dos famosos kata de Karate: Bassai (Passai) e Kusanku de Shorin-ji Ryu. Kyan é uma das maiores referências do Shuri-Te e precursor de eminentes mestres como Jyoen Nakazato, Ankichi Arakaki, Shoshin nagamine e Tatsuo Shimabuku.
Choki Motobu (1870 – 1944)
Motobu sensei nasceu em 5 de Abril de 1870 na vila de Akahira, em Shuri, Okinawa sendo o terceiro filho do governador de Akahira, Chomo Motobu. Desde muito cedo Choki manifestou uma extraordinária aptidão física sendo apelidado de saru (macaco) pelos locais. Aos 12 anos começou a receber lições de Tode do seu irmão mais velho, Choyu. Também recebeu lições de Anko Itosu, e Kosaku Matsumora.
Choki Motobu publicou duas obras que lhe permitiram divulgar junto do grande público o seu conceito de Karate: Okinawa Kenpo Karate Jutsu, em 1926 e Watashi no Karate-jutsu (Minha Arte de Mãos Vazias), em 1932. Motobu foi Mestre de Shoshin Nagamine e de Yasuhiro Konishi, reconhecido pelo Dai Nihon Butokukai como um dos principais obreiros do Karate no Japão. No ano de sua morte, seu filho, Chosei, e seu principal aluno, Seikichi Uehara, fundaram o Motobu-ryu.
Choshin Chibana (1885 – 1969)
Chibana sensei foi um aluno top de Anko Itosu e fundador do estilo Shorin-ryu. Em 1933 registrou oficialmente o Shorin, Em seu programa estavam kata dentre os quais citamos Naifanchi (1 a 3), Pinan (1 a 5), Kusanku (dai) e Kusanku (sho), Passai (dai) e Passai (sho), Jion, Jitte, Sochin, Gojushiho, e Chinto.
Chojun Miyagi (1888 – 1953)
Chojun Miyagi iniciou seus treinamentos em Naha-Te com Kanryo Higaonna aos 14 anos. Após 15 anos passou um período de alguns anos na China, a pedido de seu mestre, para aperfeiçoar seu conhecimento como artista marcial. A Miyagi são atribuídos os processos de modernização do Karate-Do relativo aos estudos teóricos, tornando-o uma prática sistematizada e ligada às outras atividades atléticas, seguindo os preceitos da razão e da ciência. Em 1929 decidiu rebatizar seu estilo de Goju-ryu, retirando o nome de um dos princípios do Bubishi. É o introdutor dos kata Gekisaidai Ichi, Gekisaidai Ni, e Tensho.
Kenwa Mabuni (1889 – 1952)
Kenwa Mabuni nasceu em 14 de Novembro de 1889, na cidade de Shuri, capital da ilha de Okinawa na época. Passou a praticar o Shuri-te aos 13 anos com Anko Itosu, permanecendo sob sua tutela até o falecimento, aos 85 anos. Pouco antes da morte de Itosu, Mabuni sensei conheceu e tornou-se amigo de Chojun Miyagi, com quem passou a treinar Naha-te, incentivado pelo próprio Itosu. Através desta amizade, Mabuni pode treinar diretamente com mestre Higaonna. Em 1915 perdeu seus dois mestres, passando a ter lições com Seisho Aragaki. Fundou o estilo Shito-ryu e incentivado por Jigoro Kano, mudou-se para o Japão, aos 40 anos, para trabalhar na difusão do Karate. O falecimento de Mabuni sensei foi anunciado nas rádios da época, e ao seu enterro, em Osaka, compareceram mais de três mil praticantes de Karate-Do.
Shoshin Nagamine (1907 – 1997)
Shoshin Nagamine, o fundador do Matsubayashi-ryu, foi aluno de proeminentes mestres, como Chotoku Kyan e Choki Motobu. Para honrar o mestre de Kyan, Sokon Matsumura e o de Motobu, Kosaku Matsumora, Nagamine incluiu o caractere ‘Matsu’ (pinheiro) no nome de seu estilo. Sua idéia era utilizar movimentos muito naturais para as técncias de seu estilo e os kata que incluiu em seu programa foram: Fukyugata I, Fukyugata II, Tomari Passai, Gojyusiho, Chatan Yara no Kusanku, Tomari Chinto, Rohai, Wankan e Wanshu.
Gráficos de linhagens dos mestres de Shuri-te, Naha-te, Tomari-te e Uechi ryu podem ser conferidos no site da prefeitura de Okinawa 


Hironori Otsuka (1892 – 1982)
Aluno de mestrre Gichin Funakoshi, e praticante de Jujutsu, Hironori Otsuka uniu seus conhecimentos de artes marciais para fundar o estilo Wado-ryu. Depois de estudar por muitos anos sob tutela de Funakoshi, Otsuka sensei decidiu separar-se da organização e fundar a sua própria escola. A influência das técnicas de Funakoshi sensei, que podem ser conferidas na obra ‘Karate-do Kyohan’, se mostram ainda muito presentes no Wado, talvez mais do que no moderno Shotokan. O estilo de Otsuka sensei valorizava principalmente as esquivas, o que é considerado uma característica das principais do estilo. Hironori Otsuka abandonou a carreira de médico para dedicar-se ao Karate-Do em tempo integral, fato possibilitado pela realidade do Japão da Era Meiji.
Gigo Funakoshi (1906 – 1945)
Filho de Gichin Funakoshi, foi o responsável por profundas transformações do Shotokan. Era o braço direito do pai, e introduziu conceitos novos, descendo o centro de gravidade das bases para uma posição mais próxima do solo, introduzindo a prática de vários kata (que ia aprender com mestres de Okinawa no lugar de seu pai no período de difusão da arte no Japão) e criando as bases para o que seriam os treinamentos de Kumite. Infelizmente, no período após a Segunda Guerra Mundial, após contrair tuberculose, Gigo Funakoshi se recusou a se alimentar da ração distribuída pelos ocupantes americanos e, enfraquecido pela doença, faleceu deixando o pai só no trabalho de difundir seu Karate.
Gogen Yamaguchi (1909 – 1989)
Estudante de direito, iniciou seus treinamentos com Chojun Miyagi aos 22 anos, após uma experiência prévia em Karate e Kendo. Empenhou-se na difusão do Karate Goju e foi escolhido como sucessor de Miyagi no Japão. Fundou a Associação Internacional Karate Goju-Kai e foi uma das figuras mais importantes na liderança da formação da Japan Federation of All Karate-Do Organizations em 1964. Morreu em 1989, com o 10º Dan em Karate, e ainda figurando com mestre de Yoga e sacerdote Shinto (práticas que influenciaram o desenvolvimetno do Goju, como exemplificado nas técnicas de ibuki –respiração– características de seu estilo).
Shigeru Egami (1912 – 1981)
Egami sensei foi dos mais antigos e importantes alunos de Funakoshi sensei, liderando, inclusive, depois da década de 1940, o segmento que se opunha as deliberações da JKA. Foi através de seu trabalho ao lado de Gigo Funakoshi que o Shotokan incorporou os trabalhos de perna (sabaki) e estratégias (Go no sen e sen no sen) do Kendo e adaptou-os a realidade e técnicas do Karate-do, formando as bases para o modo de lutar que é usado até hoje. Através de seu contato com Morihei Ueshiba (o fundador do Aikido, com quem Funakoshi sensei cultivava amizade e costumava enviar alunos para ter lições), Egami sensei adotou um pensamento mais voltado para o desenvolvimento espiritual e filosófico através do Budô, o que o fez separar-se da JKA e fundar o Shotokai, que segue, inclusive na técnica, diversos princípios do Aikido. A Egami também é atribuída a criação da técnica Toate, forma peculiar de utilizar a força vital.
Masatoshi Nakayama (1913 – 1987)
Aluno de Gichin Funakoshi, liderou a JKA desde a saída de Saigo Kichinosuke até o ano de sua morte, em 1987. Foi responsável pela grande difusão do Karate como esporte, o foco principal de sua associação. Após o período da Segunda Guerra Mundial, foi figura importante no trabalho de padronização dos kata do Shotokan, que imortalizou em suas obras ‘Katas de Karate’ (em 5 volumes) e ‘O Melhor do Karate’ (em 11 volumes). Era figura conhecida nas competições e um dos primeiros instrutores a enviar discípulos para fora do Japão a fim de promover a expansão do Karate pelo mundo.
Masutatsu Oyama (1923 – 1994)
Oyama sensei, um coreano naturalizado japonês, foi o fundador do estilo Kyokushinkaikan. Após treinar com Gichin Funakoshi (com quem diz ter aprendido o verdadeiro sentido do Karate-Do), dedicou-se à prática do estilo Goju-ryu, sob a tutela de Gogen Yamaguchi (de onde cita ter tirado as raízes espirituais de sua arte). Fundindo os princípios e kata destes estilos, além de incorporar interpretações próprias às técnicas, criou o Kyokushin. Ficou famoso internacionalmente pelas demonstrações onde matava touros com golpes de mãos nuas e suas diversas demonstrações de tameshiwari (quebramentos). Sua figura é até hoje inspiração para legiões de karate-ka e sua história um exemplo de superação e disciplina, como a de seus mestres e tantos outros karate-ka vindos de Okinawa ou nascidos no Japão na mesma época.
Hidetaka Nishiyama (1928 – 2008)
Nishiyama sensei é apontado como um dos mais habilidosos karate-ka de sua época, então aluno de Funakoshi e depois de Nakayama sensei. Em 1951 forma-se mestre em economia pela Universidade de Takushoku, época em que passa a ensinar nas forças armadas norte-americanas. Fundou também a All American Karate Federation e a International Traditional Karate Federation. Envolveu-se também no episódio que no fim da década de 1990 quase tirou do Karate a chance de tornar-se reconhecido pelo COI, devido a suas concepções adversas ao modelo de competição então estabelecido. Faleceu em 2008, deixando a ITKF e seu livro ‘The Art of Empty Hand’ como o livro de Karate mais vendido da história (com mais de 70 edições).
Hirokazu Kanazawa (1931 -)
Um dos mais famosos karate-ka do estilo Shotokan, foi atuante na difusão do Karate mundialmente. Além de ter sido modelo para as fotos dos livros de autoria de Masatoshi Nakayama, Kanazawa sensei sempre foi reconhecido por suas habilidades no Kumite e pela publicação de obras diversas que elucidavam em muito suas técnicas diferenciadas. Criou ainda a organização ‘Shotokan Karate International’ (SKI) que atua até hoje difundindo suas teorias e ensinamentos.

Ritsu-rei - Etiqueta utilizada no karatê 

Cumprimento Inicial: em pé – Ritsu-rei
(pronúncia: ritsu-ree)

Flexão de coluna à frente de 30º, mantendo a coluna ereta de forma harmônica, o movimento se á apenas na base da coluna. O olhar tranquilo não se mantém a frente, o que causaria movimento desarmônico na coluna cervical.
Após a saudação, ao receber o comando de preparação (Yoi!) o praticante se coloca em posição natural/ de alerta (Shizen Tai).


Saudações no Ritual de Cumprimento

1ª Saudação: ao fundador ou à assistência: Shomen-ni Rei
(em silêncio)

2ª Saudação: ao professor: Sensei-ni Rei
(Pronuncia-se o ‘OSu’)

3ª Saudação: aos colegas: Otagai-ni Rei
(Pronuncia-se o ‘OSu’)


Saudações ao finalizar um exercício

Toda vez que um exercício é encerrado, o instrutor profere dois comandos: Yame (parar) e Yasume (descansar)

Ao comando de parada os alunos retomam a posição de alerta natural (Shizen-Tai), e ao receber o comando para descansar, antes de relaxar, os alunos realizam o cumprimento em pé (ritsu-rei), para então poderem descansar. A saudação conota o agradecimento pelo conhecimento recebido do Sensei.


Saudação ao colega

Na prática dos exercícios de luta (kumite), ao posicionar-se frente à frente com um colega, deve-se realizar o ritsu-rei (saudação em pé) toda vez que for dado início ao exercício ou quando este acaba. O mesmo deve acontecer numa competição, onde os adversários se saúdam no início e no final de cada disputa.

Entrada e saída do Shiai-jo

O Shiai-jo (área de treinamento), o local do Dojo (academia ou salão de treinamento e desenvolvimento espiritual) onde são realizados os treinos das técnicas e onde estão instalados os tatames, deve ser tratado com o devido respeito. A entrada e saída do Shiai-jo deve ser feita com o ritsu-rei (cumprimento de pé) e de forma que, para entrar se pise primeiro com o pé direito nos tatames e para sair se pise primeiro com o pé esquerdo fora dos tatames. O caminhar fora dos tatames deve ser feito com o zori (chinelo), ou outro calçado que evite que sujeiras sejam trazidas ao Shiai-jo.


Alguns aspectos da competição

Saudação
A saudação em pé (ritsu-rei) é realizada no início das categorias, no início de cada disputa, ao término de cada disputa e ao término de cada categoria. Os árbitros sinalizam o momento apropriado para realização da saudação e esta ocorre também durante a abertura oficial.

Zanshin
O estado de alerta, concentração e foco de atenção (zanshin) deve ser demonstrado durante toda competição pelo karate-ka como sinal de sobriedade e comprometimento com o evento. Falta de zanshin acarretará derrota no kata e possivelmente desclassificação no kumite antes do fim da disputa. Esta atitude também deve ser perseguida em todos os treinamentos, onde o karate-ka realmente pode cultivá-la.

Zazen e Mokuso - Saudação no Karatê

Zazen e Mokuso

Mokuso é o comando para a prática de meditação/internalização no Karate. Geralmente realizado junto ao ritual de início e término da sessão de treinamento, é o momento onde se reflete sobre as ações antes do treinamento (o dia-a-dia) e dentro do treinamento (keiko). É um exercício deveras importante para acalmar o corpo e prepará-lo para iniciar uma nova prática. Numa prática mais ostensiva da meditação, o seu real objetivo pode ser alcançado, e este é o estado mental chamado Mushin (mente liberta).
A prática deve ser realizada de forma que busquemos esvaziar a mente de pensamentos, (mesmo que isso seja difícil, o objetivo maior leva a sucesso em tarefas não menos importantes) de imagens ou sons que circulem pela mente. No início deve-se colocar no ponto de vista do observador (como se fôssemos realmente um observador externo, como se assistíssemos a um programa de televisão), percebendo a gama de pensamentos que viajam pela mente. Com o tempo, após reconhecer estes pensamentos devemos procurar 'deletar' aqueles que percebemos inadequados, mantendo apenas os que servem para a tarefa a ser realizada a seguir. Apesar de estarmos tratando de Karate-Do, e por isso mesmo no momento em que nos propomos a meditar no início dos treinamentos buscamos preservar apenas os pensamentos relativos aos exercícios que praticaremos, não é menos importante 'limpar' a mente de pensamentos inadequados em qualquer tarefa do dia que estivermos realizando. É esta falta de habilidade em nos concentrarmos e focalizarmos nossa atenção apenas no que é importante que diversas pessoas sofrem de 'transtornos e atenção' e vários outros 'males' da 'vida moderna'.

Além disso, o ibuki (respiração) adequado é necessário. Assim, emprega-se em geral uma regra para aprender o ritmo que depois torna-se natural. Neste ritmo, inspira-se pelas narinas por quatro segundos, segura-se o ar por um segundo e expira-se pela boca por mais quatro, mantendo-se mais um segundo ‘esvaziado’. Pessoas com mais prática chegam a ficar até 10 segundos (às vezes mais) realizando as fases de expiração/inspiração, devido a seu elevado poder de ventilação pulmonar.
Durante a prática, a atenção deve se voltar para o fluxo de energia no hara (abdômen), e a postura deve ser a mais harmônica possível.


Cumprimento Inicial: sentado – Za-rei - Etiqueta do Karatê

Cumprimento Inicial: sentado – Za-rei
(pronúncia: dzá-rê)

Para iniciar o ritual de saudação, após o alinhamento dos alunos, o professor comandará ‘Seiza’! (sentar-se).

1 – Kamiza – o local à fente do Shomen (onde fica o retrato do fundador ou outros adornos). É o lugar onde o professor (sensei) se coloca.
2 – Shimoza – o local onde os alunos com graduação kyu (mudansha) perfilam em ordem de faixas.
3 – Joseki – é o local onde os alunos yudansha (faixas pretas) ou alunos adiantados se sentam.
4 – Shimozeki – é a extremidade contrária ao Joseki, onde os alunos mais novos devem estar.

Da mesma forma que no cumprimento em pé (ritsu-rei), quando o za-rei é realizado, são pronunciados os mesmo comandos: Shomen-ni-rei (saudação ao fundador ou ao público), Sensei-ni-rei (saudação ao professor) e Otagai-ni-rei (saudação entre os colegas). A primeira flexão é feita em silêncio e as outras duas são seguidas da verbalização ‘OSU’!

Após a realização do ritual, o professor comanda ‘Kiritsu’! (levantar-se). Depois de todos os alunos porem-se em pé, é feita uma última vez uma saudação ritsu-rei.


Sa-za-u-ki - Etiqueta do Karatê

Sa-za-u-ki (forma correta de sentar e levantar)

No Karate, como em outras artes marciais japonesas, o modo correto de sentar e levantar são muito importantes, fazendo parte do ritual de início e término dos treinamentos. É um conhecimento que demonstra não apenas o respeito pelas tradições e pelos colegas, mas também o refinamento da etiqueta pessoal, junto de todos os outros cuidados já citados que vem sendo cultivado desde o período dos primeiros guerreiros do Japão.

Para sentar, o pé esquerdo é levado atrás, colocando-se primeiro o joelho esquerdo no chão. Depois disso o joelho direito repousa no solo, e se senta sobre os calcanhares, com as pontas dos dedos hálux se tocando.

Os homens devem sentar com os joelhos afastados, repousando as palmas das mãos sobre as coxas, com as pontas dos dedos para dentro.
As mulheres, por sua vez, posicionam os joelhos de forma que os mesmos se toquem e apontem para frente, repousando as mãos sobre os joelhos com as pontas dos dedos para frente.

Para levantar, o joelho direito é erguido antes e no movimento de levantar é que o joelho esquerdo é erguido e o pé alinhado com o direito. Deve-se passar da posição seiza (sentado), diretamente à posição de ritsu-rei (em musubi dachi) para realização das últimas reverências.